2008-03-20

Ontem foi assim...

Não tenho muito tempo para vos contar como foi ontem , resumindo a uma palavra "fabuloso"...ficam para já os registos que já existem por aí....
Alicia Augello Cook adoptou o nome artístico Keys pela sua ligação aos teclados. Mas essa relação já foi mais umbilical do que é actualmente. Apesar do piano ser presença assídua em palco, Alicia assumiu uma fuga para a frente do palco e agora é possível vê-la a dançar envolvida em coreografias com os seus excelentes bailarinos aproximando-se de um conceito de concerto mais caro a artistas como Beyoncé. O que é surpreendente para quem estava habituado a ver Alicia só sentada.
O concerto vive destes dois mundos. Por um lado, o ambiente mais intimista quando Alicia está ao piano, e onde a banda que a acompanha passa a ter papel secundário apenas acompanhando discretamente uma sucessão de temas como «Sure Looks Good To Me», «How Come You Don't Call», «Butterflies», ou «Goodbye». Esta toada acaba por entrar um pouco na lamechice quando se dedica «Prelude To A Kiss» às crianças pobres do mundo. O público aplaude. Depois «Superwoman» e «Need You», dão oportunidade a Alicia ir falando da história da sua vida, sempre com imagens a condizer nos enormes ecrãs que servem de cenário ao palco. O dueto com Jermaine Paul surpreende pela qualidade do vocalista evidente da dupla interpretação de «Diary» e «Tender Love». Aqui, importa explicar que Alicia é acompanhada por excelentes vozes, extraordinários bailarinos e grandes músicos. Tudo personagens de um autêntico musical cheio de cor e luz, e efeitos visuais grandiosos num palco digno das mega produções que já raramente se vêm em concertos pop.
Alicia Keys é, e assume-se bem, como personagem principal deste grande espectáculo calculado ao pormenor, bem ensaiado, e pensado ao segundo. Basta comparar o alinhamento da noite lisboeta com o de Madrid, última paragem antes de Portugal, para se perceber que não há espaço para grandes improvisações, repetindo-se a sequência dos temas. Alicia Keys já não é só uma menina do piano, agora é também uma vocalista cheia de genica. Na parte final foi possível ver bem as duas facetas em momento seguidos. Tocou o êxito antigo «Fallin`» com toda a alma que a sua voz bem negra evoca, para depois explodir, e deixar o Pavilhão em loucura, na interpretação do mais recente «hit» «No One». E esteve muito bem nos dois papéis oferecendo um grande concerto de encher os olhos.

in "Diario Digital" do sapo 20-03-2008